quarta-feira, outubro 26, 2005

inocência


como se agora nascera
um arrepio mais do universo
as folhas secas na sua novidade de maravilha
as flores na sua dádiva tão profunda
a água na sua insubstancial ausência de rigidez
o ar na incompletude que eleva e agita
a terra na sua solidez cheia de segredos úberes
o fogo tentação primeira de querer ser mais
e o sorver a integridade
na ignorância do que faz os homens fonte de agressividade
na ignorância da pequenez de ser assim ou assim ou assim
tudo em tudo um e o mesmo na diferença e na inseparatividade
os olhos da criança que nunca foi
vêem a pureza que há em não estar a ver
os seus ouvidos são búzios de silêncio a cantar o mar que nunca foi
a sua pele é a própria aurora do mundo a dançar em redor do estar aqui
como se agora nascera

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